O silêncio por estes dias anda claramente pelas ruas da amargura. Até já nas situações mais solenes em que o silêncio era sinal de profundo respeito ou pesar. Este foi substituído por barulho
O barulho (ou será melhor dizer o ruído) pelo contrario está em alta e dificilmente poderia estar melhor.
O barulho distrai, perturba e impede-nos de conhecer, avaliar e enfrentar os problemas.
Na sociedade actual o ruído é uma verdadeira droga porque nos vai alienar dos nossos problemas e da nossa vida. Vai distrair o cérebro e afastar a consciência para bem longe para não nos perturbar e continuarmos com as nossas vidinhas quotidianas, como que anestesiados por esta cornucópia que nos embriaga.
O silêncio assusta é verdade, mas também nos dá a possibilidade de pensar nos problemas, na vida, na sociedade, no mundo e na realidade. Por vezes de uma forma completamente nova e assim focar as nossas energias e arranjar novas soluções para os problemas.
O silêncio cria pontes, contribuindo para ultrapassar um pouco do individualismo actual. É no silêncio que podemos ouvir o outro e só ouvindo o outro podemos criar pontes com e para ele.
O silêncio é cada vez mais preciso, no entanto, cada semana que passa são criadas novas formas de ruído. Um ruído branco homogéneo que tudo absorve.